UM CONTO DOS VURDÓNS
Um conto dos Vurdóns
Contam que naquela
cozinha não haviam paredes,
Que as folhas banavam
o fogo e que a chuva chuvia arredor.
Costumavam se sentar
todos, em tamboretes, bancos ou cocorocados sobre os joelhos e comerem em cuias
de coco queimado e encerrado.
Naquela cozinha,
colheres não faltavam,
Talhadas de tronco
... de arrueira talvez,
Mexiam os guizos, a
fome, o medo e as histórias.
Naquela cozinha se
sonhavam sonhos impossíveis, notícias tristes e tragédias anunciadas.
De fundo um Vurdón,
de lado na mesma rima, a chegada e a saída,
De fundo um riacho e
pela frente a estrada.
De anos que se
passaram, resta a janela larga, sem paredes,
O desfecho de longas viagens
e de amores acabados.
Dessa cozinha de
lenha, ainda se esquenta o guizo, se retalha os legumes e se prepara a
pururuca. Ainda se mata a fome e ainda se contam histórias.
Da mesa larga e das
paredes de reboco,
Se vê o escuro da
lenha, a verdade dos dias e a esperança do descanso.
Hoje, o riacho não
passa em tubos, vem em canos,
A rua da chegada é a
mesma da saída e a única saída é alimentada muitas vezes pelas lâmpadas fracas
e pelo mundo que se abre a frente.
O que o moço não
sabe; é que sempre haverá um Vurdón no coração de quem conta um conto. Um conto da rromá.
Cozinha dos Vurdóns
Um conto cheio de verdade e de poesia, minhas amigas poetas! UM beijo e um pouco do meu coração está sempre com vocês!
ResponderExcluiro falcão
Sempre amiga, sabemos e sentimos isso e de fato precisamos força e garra para atravessar novos desafios.
Excluirbjs nossos
Um conto muito triste mas também bonito.
ResponderExcluirBeijinho para todas. :)))))))
Um conto real amiga, as vezes o estereótipo cria uma imagem e a marginalização reflete outro. Bjs sempre de todas nós.
ExcluirAdorei a fotografia.
ResponderExcluirBjs. :))
Essa foi retirada da net, de um conjunto de fotos de cozinha rústica, desse imenso Brasil.
Excluirbjs