A POESIA DE SPATZO E AS TELAS DE COROT




Nós, ciganos, temos uma só religião: a da liberdade.
Em troca desta renunciamos à riqueza, ao poder, à ciência e à glória
Vivemos cada dia como se fosse o último.
Quando se morre, deixa-se tudo: um miserável carroção como um grande império.
E nós cremos que nesse momento é muito melhor ser cigano 
do que rei.
Nós não pensamos na morte. Não a tememos – eis tudo.
O nosso segredo está no gozar em cada dia as pequenas coisas que a vida nos oferece.
e que os outros homens não sabem apreciar; uma manhã de sol, um banho na torrente, o contemplar de alguém que se ama.
É difícil compreender estas coisas, eu sei
Nasce-se cigano.
Agrada-nos caminhar sob as estrelas.


Contam-se estranhas histórias sobre ciganos
Diz-se que lemos nas estrelas e que possuímos o filtro do amor
As pessoas não acreditam nas coisas que não sabem explicar-se
Nós, pelo contrário, não procuramos explicar as coisas 
em que acreditamos.
A nossa vida é uma vida simples, primitiva: basta-nos ter por teto o céu, um fogo para nos aquecer e as nossas canções quando 
estamos tristes.

Vittorio Pasquale Spatzo (poeta cigano)


As telas são de Jean Baptiste Camille Corot.
1796 á 1875 - suas telas estão por todo o mundo, especialmente nos museus da França, itália e Alemanhã. Se dedicava a pintar a natureza e as coisa simples da vida, o que o fez de forma magistral. Camille Corot como também foi conhecido retratou muito os rhom - as ciganas no seu dia a dia e nas suas vestimentas.

A cigana e o bandolim é uma das telas mais conhecidas desse pintor.
Cozinha dos Vurdóns

Comentários

  1. Sastipê!Fizeram uma excelente escolha,queridas romis!As lindas e sinceras telas de Corot,um dos precursores do Impressionismo na França e, uma das mais perfeitas e delicadas (em sua sensibilidade), poesias de autores rhons!Minha alma reverencia a Beleza de vossa escolha tão perfeita!Em Sara e por Sara,sempre! Cinco beijos perfumados de jasmins! Devlesa!

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  2. Que texto lindo!
    Não sou cigana, mas acho que entendo bem esse sentimento.
    Às vezes apetece largar tudo e partir sabe-se lá para onde.
    Temos demasiadas amarras.Mas felizmente também a sensatez de saber que são essas amarras que nos trazem o conforto duma vida mais tranquila.
    Desde que não esqueçamos a poesia que há nessas coisas simples e as vamos trazendo diariamente para a nossa vida.
    Adorei as pinturas. Descobri aqui esse pintor de que gosto muito.
    5 beijinhos grandes

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  3. Eu entendo-lhes bem. Os ciganos sabem gozar a vida, rir e amar.Depois, quando tudo acaba, sentem que viveram intensamente.
    Beijinhos, Corot foi um pintor muito reconhecido, a cigana do bandolim é duma delicadeza extraordinária.
    Beijinhos, bom fim de semana!

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  4. Nem sei muito bem o que escrever sobre este post.
    Foram tantas as emoções e sentimentos que senti ao ler cada frase escrita, que não sei se as minhas mãos as conseguem transcrever.
    Viver um dia da cada vez, um lema que já tenho à muito tempo.
    Nais tukê, pela vossa alegria.

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  5. As telas são lindas e o texto é tão tranquilo, perturbador e aparentemente simples.
    Beijinhos 5 especiais! :)))))

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  6. *Cezarina - ficamos sempre felizes com a sua alegria em estar aqui, sabemos que adora Spatzo e que é apreciadora das telas de Corot. Nais tukê por sempre estar por Sara e com Sara - nossas almas a agradecem.
    5 beijos

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  7. Maria, viver intensamente é sempre algo a se conquistar. E concordamos com você a cigana e o bandolim nos impressiona sempre.

    bjs de todas nós e bom final de semana também.

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  8. Isabel, apresentar-lhe Corot foi uma honra, e o poema de Spatzo é como ele foi, simples e direto.
    Que bom que gostou.

    bjs de todas nós

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  9. Carlota, sinta, não é fácil pra ninguém, mas realmente nos liberta - acho que essa é a palavra mais acertada.
    nais tukê pela sua existencia.

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  10. Ana, adorei sua fala, e sei, aqui no fundo do meu coração o que quer dizer com isso. Tranquilo e pertubador. Suave e profundo. Sua sensibilidade é encantadoramente livre.

    5bjs especiais.

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  11. É sempre lindo ler Spatzo - o passarinho alegre.

    Muito belo romís e as pinturas de Camille Corot sempre me deixaram curiosa pelos detalhes das roupas - são muito belas.

    Que Sara as guarde na palma de sua mão.

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  12. Por estes dias, ouvi falar de um termo de que nunca ouvira falar antes, o de adaptação hedonista. Daquilo que entendi, refere-se à constante adaptação do corpo e da mente a novos prazeres. Isto quer dizer que buscamos incessantemente novos estímulos e nos perdemos nessa busca, porque rapidamente nos habituamos e rapidamente necessitaremos de novos impulsos. Como uma droga.
    Penso que a filosofia do poema poderá ser, pelo menos parcialmente, uma desintoxicação para esta adição. Obrigada por ele.
    Beijinhos e bom domingo!

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  13. Acredito que sim Sara - viver assim é depender o tempo todo, onde se rouba a liberdade e se escraviza a essência. Spatzo retratou de forma simples o tempo que viveu e a maior vitória de um rom - não temer morrer. Ser e estar, e ir dessa vida, sabendo que viveu.

    Nós é que a agradecemos por ter acrescido mais esse fato (por nós também desconhecido).

    Nais tukê

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  14. OLá, amigas do coração!
    Vim visitar vocês. Levo sempre alguma coisa para pensar...
    Deixo umas músicas no meu blog...

    http://falcaodejade.blogspot.com/2011/11/thomas-dutronc-o-jazz-manouche-e-o-seu.html
    Beijinhos
    o falcão

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  15. Lindos os quadros do Corot, lindo o poema.
    Vamos com os pássaros?...

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  16. Querida Falcão ...vamos com os pássaros. Combinado.

    5bjs grandes e obrigada pela música.

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