ONU critica governo francês por desmontar acampamento da etnia rom



Obervadores das Nações Unidas afirmam que evacuação de acampamento rom na periferia de Paris viola os direitos humanos. Ministro do Interior é acusado de repetir política conservadora de Sarkozy.
A polícia da França expulsou, nesta quarta-feira (29/08), centenas de pessoas de um acampamento de membros da etnia rom na periferia de Paris. Segundo as autoridades, cerca de 500 pessoas foram obrigadas a deixar o local, num bairro popular na periferia da capital francesa. Diversos observadores das Nações Unidas criticaram a conduta da polícia francesa.
O ministro francês do Interior, Manuel Valls, ordenou uma série de batidas em acampamentos da etnia rom próximos a Paris, Lyon e Lille, afirmando que eles deveriam ser desmantelados por razões sanitárias. A polícia chegou na manhã de quarta ao subúrbio de Stains, na periferia de Paris, onde as barracas dos roma foram destruídas depois da evacuação.
Os roma reclamaram que não lhes foi oferecida nenhuma alternativa de alojamento. A administração do bairro, por outro lado, declarou que os alojamentos oferecidos a eles não foram aceitos e que os pedidos de que deixassem o local voluntariamente também não haviam sido acatados.
Alta vulnerabilidade

França não respeita direitos humanos, afirmam observadores
Observadores da ONU para minorias, migrantes, racismo e direito a uma moradia adequada criticaram que a evacuação compulsória pode deixar as famílias atingidas numa situação de "alta vulnerabilidade". Segundo eles, o processo de evacuação não está de acordo com o direito internacional.
François Crépeau, encarregado de reportar sobre a situação dos migrantes na França, declarou que o governo francês parece querer expulsar todos os membros da etnia rom do país, onde acontece um debate generalizado a respeito da política oficial em relação aos roma, que em sua maioria procedem da Romênia e da Bulgária.
"A expulsão coletiva é condenada pelo direito internacional e qualquer repatriação deveria ser voluntária, respeitando os padrões internacionais, baseada na vontade individual e monitorada de maneira independente", afirmou Crépeau.
Raquel Rolnik, relatora especial da ONU para questões de moradia adequada, afirmou que a evacuação forçada não é uma resposta apropriada e que "soluções alternativas deveriam ser buscadas em respeito aos padrões dos direitos humanos". Segundo ela, é importante garantir sobretudo a moradia de crianças e mulheres e daqueles que apresentam enfermidades ou deficiências.
Repetindo os conservadores

Faltam alternativas de moradia, segundo enviados da ONU à França
O ministro Valls foi criticado dentro das fileiras de seu próprio partido, o socialista. Ele está sendo acusado de repetir a política linha-dura do governo conservador de Nicolas Sarkozy. A Comissão Europeia havia declarado, no início de agosto, que continua observando atentamente a política francesa para minorias.
Paris havia anunciado que pretende abolir parcialmente as diretrizes da União Europeia que limitam a permissão de trabalho para búlgaros e romenos, a fim de facilitar a integração dos roma no país. No entanto, ignorando totalmente tal premissa, as autoridades resolveram dissolver o acampamento na quarta-feira.
Estima-se que haja na França hoje em torno de 15 mil a 20 mil imigrantes de origem rom, a maioria deles vivendo nas periferias das cidades e em acampamentos com condições precárias.
"Os roma são cidadãos da União Europeia e a minoria mais marginalizada dentro da Europa. Lamentavelmente esses atos demonstram que eles nem sempre gozam do mesmo direito de livre movimento e assentamento que outros cidadãos e que continam sendo vítimas de um tratamento discriminatório", resumiu Rita Izsák, especialista da ONU para assuntos relacionados a minorias.
SV/afp/rtr/dpa
Revisão: Alexandre Schossler

Comentários

  1. Oi gente!

    Acabei de ler esta notícia aqui, no Euronews, em seguida vi seu post quando postei no Canto Cigano a divulgação do evento na Espanha amanhã.

    Muito triste isto, uma nação violando direitos. A França deveria saber que o mundo está de olho em seus gestos desumanos e violadores.

    Beijos

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    1. Dessa vez foi sim, pior que da outra, sabe Van, como nenhum país tomou as dores, nem encarrou a soberania hipócrita as coisas vão seguindo. As pessoas esquecem. Foi assim na segunda grande guerra, mas não será assim agora.

      bjs nossos

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  2. É um assunto delicado.
    Se houvesse justiça, todos teriam os seus direitos assegurados e todos teriam as condições dignas de qualquer ser humano(independentemente da sua raça, cor, religião...) para ter uma vida igualmente digna. Mas com o agravar das dificuldades económicas, por essa Europa fora, as condições de vida de qualquer cidadão agravam-se e continuam a piorar. Mais ainda de quem, como muitos ciganos, vive já com tantas dificuldades e apenas com condições mínimas de sobrevivência. É desanimador ver como a Europa está a regredir em tantos aspectos a nível de segurança social, bem-estar e direitos sociais.
    Não sei como vamos continuar e melhorar. Não havia necessidade disto se não houvesse tanta ganância, tanta corrupção...
    Somos todos "apenas" seres humanos.

    Beijinhos para todas

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    1. Não que nos sirva de consolo Isabel, mas a ONU pelo ao menos denunciou desta vez e está acompanhando mais de perto. Decepcionante a posição do novo presidente da França, ridículo melhor dizendo. Esconder os reflexos de uma má administração não adianta e essa minoria vem pagando pela falta de liberdade, pelo egoísmo e pela ganancia. Os rom sempre vão incomodar, isso é fato, mas as coisas terão de mudar, disse bem, são antes de tudo pessoas e pessoas não se varre pra debaixo do tapete.

      um beijo nosso

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  3. Passei na cozinha pra te ver, comadre, e novamente constato que temos realmente que falar e falar, escrever e denunciar incansavelmente até que os direitos humanos fundamentais sejam de fato observados e respeitados. Muitos beijos para todas/os da cozinha.
    M.

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    1. Bom te ver por aqui comadre, do lado que posta comentário, que grita por justiça e direitos humanos. É bom te ter na linha de frente, que chega exausta da reunião e descasca legumes pra cozinha dos vurdóns funcionar. Continuemos assim comadre, falando e falando, construindo pontes e derrubando barreiras. ay yuly.

      sua comadre

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  4. Que raiva saber tudo isto num dia em que na Espanha os Rom tiveram um dia importante, não só em Madrid, em Granada por examplo sei que também estiveram muito apoiados, embora a televisão não se tenha dignado falar do assunto em todo o dia.
    É triste ser pobre e descriminasdo, mas a vida sempre vale a pena, e as coisas hão-de mudar, pouco a pouco, já se sabe.
    Com muita persistência e coragemn, ânimo!
    Muitos beijos

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    1. Animo Maria, é disso que nessas horas, todas nós precisamos, porque dá uma preguiça de ver essas coisas, essa pequenez humana, esse absurdo claro sem resolução por falta de vontade política.

      Vamos lá...adelante.

      bjs nossos

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  5. Meu Deus! Que falta total de justiça,respeito e compreensão pelo ser humano,pelas minorias étnicas!E principalmente pela minoria mais discriminada da UE!Como sempre os Rhons são o bode expiatório dos poderosos políticos que governam os países!Tudo isso me dá um cansaço de gente!..De gente que faz do orgulho,do preconceito e do poder do dinheiro, armas com a força deletéria de destruir a vida humana...Deveria ser lembrado que nada somos e que nossa passagem pela Terra é curta,às vezes nem nossa lembrança fica.Neste universo infinito os seres humanos são meros "micróbios"infestando a crosta deste pequeno planeta azul, à borda da Galáxia!Até quando???...Que Dhiel tenha misericórdia de todos!Beijos! Devlesa!

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    1. Pensar junto, pensar no outro e em todos. Esse nos parece o caminho Cezarina. O preconceito, o orgulho e o poder econômica são características de quem já perdeu a luta e tenta a todo custo se manter no poder.

      Espanha com o Secretaria Gitano e a Union Romani fizeram a sua parte e saiba que não estão parados. Precisamos dizer aqui também, no Brasil, que as coisas acontecem de forma diferente, mas são iguais.

      de pleno acordo amiga: até quando???

      bjs nossos

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  6. Notícias que nos deixam tristes, que nos fazem pensar que temos que continuar a nossa caminhada.
    Uma luta que possivelmente merece uma mudança de estratégia. Continuar a luta contra injustiça, sempre, mas também ir mostrando tudo de bom que é feito. Dar ainda mais valor às coisas boas.
    Mas ainda um dos problemas com que me deparo aqui em Portalegre, é o círculo tão fechado que criam, não deixando quase ninguém entrar. E mesmo quando tento sorrir e fazer uma conversa, os homens olham de lado, e as mulheres afastam-me logo, levando os filhos a tiracolo. Têm uma mameira desconfiada de me olhar, eheheh mas não me importo, continuo a sorrir.
    7 beijos brilhantes

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    1. Isso Carlota, mostrar o positivo como estratégia, é isso que estamos tentando. E compreenda amiga, quando se encontra a perseguição e a discriminação por longos anos, a recusa em acreditar no carinho e na ausência do medo, são maiores do que a maioria das pessoas imaginam. Graças hoje podemos contar com estudos que nos afirmam isso. Isso se chama medo.

      Mas não deixe de sorrir, um dia essa barreira se desfaz.

      bjs muitos de todas nós.

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  7. É revoltante ler acontecimentos como o que aqui nos trazem! Mas o facto da ONU o denunciar e criticar já é excelente.
    O ser humano tanto tem de bom como de mau... é impressionante!! Como ficam estas pessoas com a sua consciência?! Orgulham-se dos seus actos?! São comportamentos monstruosos...
    De sorriso em sorriso (como faz a Carlota), de denúncia em denúncia, de luta em luta, vamos derrubando barreiras, vamos trazendo esperança ao povo rom e a todos os que acreditam e lutam por esta causa.
    Beijos para todas.

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  8. É difícil sim Cláudia, mas a receita da Carlota funciona.

    Como não conseguimos compreender os fatos dos outros, vamos nós nos nossos né?

    bjs muitos e que bom que existem pessoas como vc e as outras e outros que aqui estiveram. Faz a gente respirar.

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