Memorial aos ciganos vítimas do Holocausto será inaugurado em Berlim


Memorial aos ciganos vítimas do Holocausto será inaugurado em Berlim

De Céline LE PRIOUX (AFP) – Há 6 horas 




BERLIM — Mais de 65 anos depois do Holocausto, a chanceler alemã, Angela Merkel, irá inaugurar nesta quarta-feira, em Berlim, um memorial aos ciganos vítimas do nazismo, no momento em que esta comunidade ainda enfrenta casos de racismo e discriminação na Europa.

Quase 500 mil sinti e roms da Europa, dois grupos ciganos muito presentes na Alemanha e considerados "racialmente inferiores", foram assassinados pelo III Reich, segundo estimativas oficiais.

Situado em frente ao Parlamento alemão, o memorial aos sinti e roms, criado pela artista israelense Dani Karavan, consiste em um eixo com um pilar central no qual repousará a cada dia uma flor recém-colhida. Ele está localizado perto de um outro dedicado às vítimas do Holocausto e um dedicado aos homossexuais mortos pelos nazistas.

"O Holocausto contra os ciganos - ou "Porajmos", que significa literalmente devorar - tem sido por muito tempo negado e não tem sido objeto de pesquisas históricas, não só na Alemanha, mas também em outros países como a França de Vichy ou países do Leste Europeu que participaram da perseguição", considerou o historiador Wolfgang Wippermann, da Universidade Livre de Berlim.

"Ao contrário dos judeus, que os nazistas perseguiam pela sua religião, os ciganos, católicos em sua maioria, não eram necessariamente identificáveis entre outros cidadãos", explica Romani Rose, presidente do Conselho Central alemão dos sinti e roms.

Para remediar esta situação, os "pesquisadores raciais" da Alemanha nazista gravaram uma série de características e estabeleceram genealogias que às vezes remontavam ao século XVI, para detectar um "ancestral cigano", a fim de enviar para os campos de extermínio os "de sangue misturado". Em Auschwitz e em Ravensbrück, eles serviram como cobaias para experiências médicas.

A RFA reconheceu oficialmente este genocídio em 1982, com um gesto do chanceler Helmut Schmidt. E em 1997, o presidente Roman Herzog ressaltou pela primeira vez que ele teve a mesma motivação racista e que havia sido praticado pelos nazistas com a mesma resolução e o mesmo desejo que o extermínio dos judeus.

Atualmente, 11 milhões de ciganos vivem no continente europeu, entre eles sete milhões na União Europeia, principalmente na Europa Central e do Sudeste, na Romênia, Bulgária, Hungria e Eslováquia.

A maior minoria étnica na Europa é também a mais pobre, que sofre com a discriminação e o racismo. Rose denuncia principalmente a situação na Romênia, onde foram libertados da escravidão em 1856, na Bulgária, Hungria, Eslováquia, mas também na França e Itália.

A queda da Cortina de Ferro em 1989 e a expansão do Leste Europeu provocou a migração de alguns para o oeste mais rico, e países como França e Itália implementaram medidas de segurança, que incluem a destruição de acampamentos considerados ilegais.

Atualmente vivem na Alemanha cerca de 70 mil ciganos de nacionalidade alemã. "Eles não são nômades e suas famílias estão, por vezes, instaladas há 600 anos em nosso país", indica Wippermann.

Eles fazem parte desde 1997 das quatro minorias protegidas na Alemanha, como os dinamarqueses e os frísios instalados no norte, e os sorbs que vivem no leste.

Nas últimas duas décadas, várias dezenas de milhares de ciganos originários do Leste Europeu também tentaram uma chance na Alemanha. Mas não existem campos selvagens, com dizia o presidente Nicolas Sarkozy há dois anos, afirmando que Angela Merkel procederia com evacuações.

Recentemente, Berlim manifestou seu desejo de fazer parar essas migrações, desejando que fosse retirada a isenção de visto para os cidadãos sérvios e macedônios, muitos dos quais são ciganos.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jcaxA9djip7D5zxIC3LV5EhX9knw?docId=CNG.33a5fe2e73c231d7d6abac75c4abd70b.41

Ver mais:
El Holocausto gitano, por fin reconocido (Deutsche Welle, Alemanha)
Berlín inaugura su monumento en memoria de los gitanos víctimas del Holocausto (AFP, em espanhol)



Um memorial apenas  será de serventia, se manter a bandeira da igualdade firme na formulação de políticas públicas e no cumprimento  das leis internacionais que preservam os seres humanos e as minorias. Os ciganos continuam sendo a maior minoria étnica nos países onde vivem e não são estrangeiros, são cidadãos.

Cozinha dos vurdóns


Comentários

  1. JÁ ERA HORA!!

    Já vai sendo hora de que todos sejamos irmãos, tratados com a mesma dignidade e os mesmos direitos.

    Oxalá que o mundo pouco a pouco se vá endireitando!

    Beijos grandes para todas

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Lá estão três memoriais com este, um dos judeus e outro dos homossexuais, ainda não reconheceram a quantidade de negros que morreram lá. Enfim, os nomes precisam ser dados para que se saiba que o que aconteceu não volte mais a acontecer.

      bjs muitos.

      Excluir
  2. Um memorial não é suficiente, mas é, sem dúvida, uma conquista. Há que prosseguir.

    Beijos :)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não há nada no mundo que pague ou apague o que ouve. Há apenas o reconhecimento da atrocidade, porque existe um certo consolo ao se saber que alguem viu e alguem deu importancia a isso.

      adelante AC.

      bjs nossos

      Excluir
  3. Apesar de Merkel

    um gesto simbólico
    com justiça

    ResponderExcluir
  4. Berlim foi uma das cidades que me marcou intensamente.
    Congratulo-me pela iniciativa, embora concorde com AC, não é suficiente sendo, todavia, uma conquista.
    Queridas Amigas é um passo à frente sem dúvida, uma homenagem tardia mas significativa.
    Mil beijinhos. :)))))))))

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Até pouco tempo, ninguém sequer sabia do acontecido. Agora é pra valer, virou marco, temos que conseguir mais que o respeito ao túmulo, precisamos de ações e atitudes governamentais.

      bjs Ana.

      Excluir
  5. Uma notícia,embora,seja,apenas, pálido símbolo ...Não modifica o horror do passado,nem tampouco as injustiças do presente.(Publiquei esta notícia no Punhal Gitano no primeiro dia de outubro,mas continuo achando que talvez faça parte de um "certo remorso" dos alemães...Talvez,isso sirva para que eles recordem seu excessivo egoísmo e desejo de poder.)Ando Sara! Bjs!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois é Cezarina, anunciaram desde maio desse ano, mas só essa semana a coisa se concretizou, será uma rosa por dia. Não culpo os alemães, muitos morreram por combater o nazismo, não podemos fazer com os outros o que fizeram conosco. Não foi remorso tampouco e sim uma pressão das comunidades rrom e sinti que fizeram a coisa acontecer para que seja colocado na história o reconhecimento formal de que ouve uma separação etnica no caso dos rrom. O poder corrompe qualquer um, seja ele quem for, esse é um dispositivo ingrato que precisa ser domado e controlado dentro de nós mesmos.
      Valeu a iniciativa sim, que se saiba do que aconteceu e que não se esqueça, mas que a mágua e o rancor não ocupem os corações, seria efeito inverso do mesmo inferno.

      bjs muito querida amiga.

      Excluir
  6. As vergonhas do mundo devem aparecer, mão para expor as pessoas ou um país, mas para dar ao resto do mundo o que é a ignorância e o racismo, o que a imbecilidade de poucos é capaz de fazer.

    meus sinceros cumprimentos por esse dia, obrigada por posta-lo.

    beijo para todas

    zerafim.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Estamos de pleno acordo rromí, as coisas devem ocupar seu lugar no presente, para que possamos escrever um futuro.

      bjs de todas nós.

      Excluir
  7. são importantes essas iniciativas! a gente (ser humano em geral) tem uma tendência a esquecer desses episódios horríveis, se ninguém fizer nada para lembrar...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mesmo que isso seja um papel importante que a nossa educação renega, são matérias de sala de aula que não temos.

      bjs nossos

      Excluir

Postar um comentário

Sejam todos bem vindos.

Postagens mais visitadas