A BENÇÃO DA TIA CANDELÁRIA - MULHERES CIGANAS
A Bênção da Tia Candelária
CANCIONEIRO DE SERPA
De Maria Rita Ortigão Pinto Cortez
Edição da Município de Serpa, 1944
De Maria Rita Ortigão Pinto Cortez
Edição da Município de Serpa, 1944
Esta bênção, ouvi-a à Tia Candelária, cigana, que
completou 100 anos, no passado dia da Candelária, festejado em
Serpa, sob a invocação de Nossa Senhora dos Remédios. Escrevo-a como ela ma
disse, numa mistura de português e espanhol.
Santíssimo Sacramento e as três hóstias
consagradas, el Divino Señor que 'stá puesto en la Cruz, A Santíssima Virgem do
Purgatório e el Señor S. Bento guardem esta niña de noche y de dia, donde quer
que vaia!
El Señor te acrescente!
O Santíssimo Sacramento e o anjo da guarda te
livrem duma mala lengua, del malo testigo, de un lio, y de todo o mal deste
mundo!
E quem te queira malamente, redobrado se la veja
las penas em cima del!
Y Nuestro Señor te guie por buenos camiños!
Abençoada sejas tu e a tua família toda,
da
boca da Candelária Ciganita!
***
***
ASPARGOS
Por causa da vida sempre em movimento, a maioria dos romani foram obrigados a encontrar o alimento na natureza. Frutas, nozes, folhas e bagas nas florestas e campos ganharam muito significado na cozinha.
Aqui uma receita simples, mais que junta a simpliscidade do aspargo e a carne de festa - o bacon.
Lavamos 6 aspargos (escolha
os mais retinhos, é mais prático para enrolar) retiramos a parte mais branca e
fibrosa de sua base e enrolamos, de maneira firme, com 02 fatias de bacon uma para cada 3 unidades de aspargos (não
precisa de palito. Você enrola e coloca a última ponta para dentro. Ela
segura). Coloque os aspargos em uma frigideira antiaderente pequena com o fundo
de água, ligue o fogo e vá virando para que aspargos e bacon cozinhem por
igual. Deixe a água secar e deixe o bacon dourar (continue virando para que ele
doure por igual). Não precisa usar sal. O sabor
dos aspargos com o bacon fica perfeito assim.
As figuras femininas sempre povoaram a infâncias das crianças, avós, purys, nonas, bhas. Numa família cigana, a inspiração das matriarcas, senhoras que alavancam seus filhos e netos marcam a resistencia das culturas através dos séculos e milênios. São elas as guardiãs da fé, do passado, da história contada em volta da fogueira ou do fogão de lenha.
A fé que manteve um povo unido e que iguala todas as mulheres do mundo, a fé num mundo melhor.
Cozinha dos Vurdóns
“Tenho minha casa no vento e, como o mar, tenho no
vento a minha glória”. dito rrom.
Um documento muito interessante! Sempre me interessou a vida dos ciganos, por aspectos positivos e negativos e já li «História dos Ciganos», que me ajudou a compreendê-los melhor!
ResponderExcluirGosto muito de espargos, vou experimentar! E já agora açorda de espargos é muito bom!
Voltei!
Beijinhossss
Voltou e ficamos felizes, O documento realmente tem um foco único, o livro num todo pareceu-nos muito bom. De certo que retrata um pedaço da realidade feminidade, na sua visão mais real, do dia a dia.
Excluirbjs e que bom estar de volta.
Em tempos de ostentação e materialismo, cultivar a simplicidade terá de ser uma prioridade a exigir empenho.
ResponderExcluirObrigada por mais esta lição de vida.
Uma boa semana para todas!
Bjs Sara, e obrigada por vir.
Excluirque aspargos lindos!!! queria achar uns assim pra comprar por aqui.
ResponderExcluirfeliz aniversário atradado para tia candelária!
:)
Você nos fez rir Daniel, mas, faça sim os aspargos, com sorte vc achapor aí.
ExcluirQuanto a Tia Candelária ... visto ter sido escrito a uns bons anos, acredito que já esteja falecida. O livro vale a pena.
bjs nossos
Saudade das orações simples que pareciam nos blindar contra o mal e contra as tormentas do mundo. Saudade dos aspargos na chapa de ferro, com manteiga e salvia da bha dinhá. Saudade do sono tranquilo, embalado pelas saias dela.
ResponderExcluirObrigada por esse carinho e pela valorização das mulheres da nossa etnia, que seguraram carroças, pisaram o chão e construiram a força da nação rromá.
ando Sara.
Devlesa.
Isso, essa tal saudade que insiste as vezes, mas que guarda também muitas coisas boas.
ExcluirParabéns a todas nós zerafim, pisaram o chão e construiram a força da nação Rromá.
bjs querida, de todas nós.
A recita enche os olhos, gosto de aspargos e muito. Já a reza me emociona ... tenho boas recordações das minhas duas duas avós e com certeza a vida teria sido muito difícil sem elas.
ResponderExcluirum abraço bem apertado em todas.
Sônia Mellim
Há dias assim, como diria o poeta Mar Arável.
ExcluirMas se os aspargos te fazem sorrir ... que bom.
bjs nossos
Mar arável é o título do blogue
ResponderExcluirque eu inventei
Bjs tantos
Eufrázio, faltou um DO BLOG ..., apesar de as vezes ter vontade de chama-lo de Mar. Esse foi um complemento do comentário da Sônia no post: UM POEMA NO ALMOÇO, aquele que roubamos a sua poesia.
Excluirvaleu os bjs e tantos quanto puderem acompanhar nossas desculpas por algum incomodo.
Gostei desta benção.
ResponderExcluirAntigamente as pessoas - as avozinhas - tinham muita fé nestas bençãos e rezas. Não sei se a comparação está correcta, mas sempre me lembro de ouvir uma reza a Santa Bárbara, quando fazia trovoada e O Responso de Santo António, quando se perde alguma coisa. Ainda hoje, eu e as minhas irmãs, quando andamos aflitas por termos perdido alguma coisa, pedimos à nossa mãe para o rezar.
São coisas que vêm da infância e ficam.
Este livro deve ser interessante.
Beijinhos amigos
É sim Isabel, gostei muito do que pude ler. O de Santa Bárbara eu conheço, acho que todas por aqui conhecemos. É um pouquinho de cuidar desse pedaço de tradição que acaba por construir quem somos.
Excluirbjs grandes.
Parabéns!
ResponderExcluirUma oração simples, mestria de quem vive junto ao mar e sabe contar as estrelas!
Obrigada e beijinhos para todas. :)))))))))
Obrigada Ana, ela realmente devia saber contar estrelas. Gostei disso.
Excluirbjs nossos
Gostei muito de tudo. Da benção, da receita e das vossas palavras. Não sou de família cigana, mas na minha família também acho que são as mulheres que vão aguentando o barco e o levam para bom porto. Ainda ontem me lembrava com muita saudada das minhas avós e da minha Tia Avó, bem como de outras mulheres, de outros tempos e que já partiram, que marcaram positivamente a minha infância. Bjs a todas!
ResponderExcluirObrigada Margarida, assim podemos mostrar que todas as famílias, ciganas ou não, guardam os ensinamentos de mulheres que preenchem e constroem as nossas vidas desde que nascemos. Mais um ponto em comum, contra a discriminação.
Excluirbjs e muitos de todas nós
Sempre por aqui leio e aprendo coisas lindas e sensatas, é como um reencontro com as verdades mais essenciais, aquelas que nos hão-de trazer a verdadeira paz quando chegue a verdadeira tormenta.
ResponderExcluirQue espérragos apetitosos e fáceis de fazer! É para já...
Beijinhos grandes
O é pra já significa muito pra nós, tomara que goste.
ExcluirE vamos precisar delas sim e de suas bençãos e palavras, a procura de uma tormente mais branda.
bjs nossos.
As mulheres de todas as etnias,no mundo inteiro,sempre foram as responsáveis pela perpetuação da cultura ,das tradições e da formação dos indivíduos,mulheres que modificaram seu tempo e coletividades...Nós,mulheres até hoje somos os alicerces e a voz que alavancam as mudanças!No seio das famílias,nas casas ou em tendas nós criamos a humanidade,nós construímos o futuro do planeta através da educação,do amor e do trabalho na criação de novos seres...Em nós as sementes do futuro.Em nós,também e,principalmente a formação de almas e de mentes,de respeito e amor pelo Outro.Às vezes,errando,repetimos a projeção de falsos conceitos herdados,como a xenofobia e a agressividade em nossos filhos.Somos co-criadoras e co-responsáveis pelo que virá,pelo que há de ser a sociedade,os indivíduos,no futuro próximo.Lindo post!Benditas todas avós,bhás,phurys,mães que embalaram os sonhos e a infância entre seus braços e próximo ao seu coração!Devlesa!Ando Sara!
ResponderExcluirNão tem o que dizer kalim, apenas que vale seu peso em ouro.
Excluirdevlesa por Sara, por nós.
bjs muitos.
eu quero prova este negocio verde valeu moçada calon rogéroi
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