NOSSO CARDÁPIO: REFLEXÃO, PAUSA E TRABALHO.
Nossa receita de hoje: refletir...
Tem sempre um dia em que o mundo aparece em tons de cinza.
Num turbilhão de 3 dias, a cultura do medo, o desconhecido,
a vaidade, a cultura do poder e da arrogância, os olhos da esperança, a
surpresa das realidades. Uma verdade que ficou a mostra. Pessoas, seres humanos diante de suas opções e como que clareadas pla lua, os disfarces cairam.
Acredito que nos esquecemos as vezes dessa regra básica da
vida: do que adianta tanta arrogância, tanta prepotência? A vida passa, a gente
se vai e todo mundo um dia tem que ficar frente a frente com seu mundo, sua
vida e sua estrada.
No final do dia, sentada no avião, na hora do vôo de volta
pra casa, um “boa viajem” para a vizinha do lado e silêncio. Quando
desembarquei, minha mochila de mão estava leve, mal podia sentir meus passos, mas meus olhos voltaram outros e o meu coração também.
Comigo e até pela profissão, tinha a obrigação de mastigar e
digerir umas 50 pessoas diferentes, seus olhares e suas expressões. Fiz isso a
vida toda, mas profissionalmente faço isso a mais de 20 anos. Tive de fazer isso agora e por isso o
silêncio nos comentários de vocês que tanto gostamos e admiramos.
Na minha bagagem vieram sorrisos de quem antes nos odiava,
surpresa de quem antes desconfiava, ternuras inesperadas, abraços cheios de
saudade, projetos inacabados, mágoas antigas, denuncias, injúrias, perseguições
e misérias. Desejei o dom da bilocação.
São relatos de uma cultura que vem sendo massacrada e
perseguida. Pelos de dentro e pelos de fora. Tudo é verdadeiro e único – a cultura
da arrogância. A ignorância impera como via de regra. Um povo que desconhece
seu povo, um povo a quem o mundo desconhece, ignora e trata como se fossem um
animal raro, a beira da extinção.
A tradição está morrendo, as barracas estão sumindo, a
cultura de vender o que dá dinheiro, o medo da exposição, as transgressões as
regras, a exploração sexual, a morte prematura, a fome, as surras, as ameaças. Não
há brilho, existe apenas realidade. Trabalho e confiança.
Voltei feliz em perceber que muitas coisas ficaram claras, que
existem mulheres de bem, lutando pelas pessoas, entendendo o caminho e
construindo as possibilidades. Poucos compreenderam o que aconteceu nesses dias,
alguns se assustaram e fugiram. Outros perderam a reação, tentaram impor sua
vontade e sua idéia, seu grito e sua doença. Ficaram sós e não conseguiram enxergar
isso.
Vi um império começar a ruir e começamos a colher sementes. Daqui
a 40 anos, talvez nem estejamos aqui, mas os campos do Brasil, serão fartos, disso trago a certeza.
Obrigada aos que choraram por dentro, sorriram por fora e
logo em seguida começaram a trabalhar. Não porque pediram, mas porque é
preciso.
Cozinha dos Vurdóns
Eu hoje estou um pouco confusa, porque acho que me escapou alguma coisa...
ResponderExcluirPenso que não deixei falhar nenhum post...
Mas de qualquer maneira parece-me que uma parte de si vem satisfeita e realizada e outra vem triste.
Mas o que importa é que há uma parte positiva e quando há algo positivo, já valeu a pena!
Deveriamos todos ter sempre presente que viemos todos do mesmo lugar e a ele voltaremos. Isso faz de nós seres iguais.
Beijinhos amigos
Parecemos diferentes não é Isabel? Lidar com denuncias as vezes nos silenciam a fala, mas nos revoltam a alma.
Excluir"Deveriamos todos ter sempre presente que viemos todos do mesmo lugar e a ele voltaremos. Isso faz de nós seres iguais" - quando se trata de discrinação e preconceito essa luta se torna diária, por dia, por minuto. Algumas coisas não deveriam mais acontecer, mas acontecem, algumas realidades são escondidas, até o dia em que transborda tudo. Chegamos nesa hora, na hora em que transbordou.
Já valeu a pena sim, obrigada pelo carinho.
Sastipê,minhas queridas companheiras de ideais e estrada!Que vossa luz e compreensão continue cintilando nas trevas densas do ódio,da ignorância e do preconceito(fruto desta última) e suavize todos os caminhos!Que Sara nos dê a justiça e o amor,a união e o respeito mútuo!Que a sua ternura de mãe nos envolva a todos e nos clareie a rota e o destino!Um infinito abraço,cheio de meu carinho as envolva a todas!Devlesa! Ando Sara!
ResponderExcluirE como clareou Cezarina, até doeu a vista, mas tinha de ser assim. Vamos em frente, já que montamos no cavalo, agora é seguir estrada a dentro.
Excluirbjs muitos querida amiga
A vida é bem complexa e exigente, não é mesmo? Cheia de variações, de contradições, de felicidade e frustração. Concordo convosco: para lidar com todo este vendaval, há muitas vezes que parar e "fazer contas à vida", esperando contar com saldo positivo.
ResponderExcluirDeixo aqui os meus votos de que o vosso saldo seja sempre muito positivo :))
Beijos de cá para todas!
E há outro lado nisso tudo Sara, quando nos deparamos com pequenas frescuras nossas no dia a dia, passa a ser tão ridículo. Dá até vergonha.
ExcluirNo revés sabemos que iremos avançar, visto que ao depararmos com tais situações, muitos entraves foram vistos a luz do dia, entendemos o porque. Agora é trabalhar para esclarecer. Espero que o próximo vendaval nos dê tempo de respirar.
bjs nossos e torça sempre por nós, aquece o coração da gente.
Fiquei um pouco como a Isabel. Será que me tinha escapado algo?
ResponderExcluirQuando os nossos olhos olham, sem ver, quando o nosso sorriso sorri, mascarado, mesmo até quando da nossa boca saem palavras que ninguém ouve, é importante não nos deixarmos ir abaixo.
O 1º passo foi dado, já nada pode voltar atrás.
Vai ser doloroso o caminho? Vai!
Mas para essa travessia, encontraremos sempre alguém que nos ajuda, que nos sorri, que nos diz "bom dia!" e nos dá a mão.
Um sorriso para vós, para todos os que aqui vêm beber um pouco da vossa magia.
Nem tudo é bonito. Pois não.
Por isso nos encontrámos aqui, e aqui vimos todos os dias e tentamos fazer a diferença acontecer.
Nais Tukê
7 beijos brilhantes que iluminam a minha noite.
Querida, gosto muito dessa sua força e do seu carinho, nunca mostramos apenas o bonito, a denuncia sempre foi nosso tema, mas é claro, elevada a mostrar as possibilidades. Gostei do seu sorriso,irei guardá-lo. Me lembro da Ana, quando tirou as fotos da senhora morando embaixo da ponte, me lembro do seu e-mail, estava muito triste.
ExcluirNossa magia podia tocar o que ouvimos e mudar o mundo, sempre quiz ter o nariz da feiticeira e mexer e fazer as coisas acontecerem.
Mas ainda vejo em tons de cinza. E vamos a mais uma luta amanhã. Tô tomando birra de saltos altos e roupa de marca, quando o assunto é violência e morte de mulheres e crianças ciganas. Eu verdadeiramente espero que possamos ser um pouco da diferença, ela é urgente. Ela é real.
bjs para a nossa orquídea, que Deula a conserve assim.
Quem ou o que é Deula?
ExcluirBeijo
Deus. bjs
ExcluirCreio entender que leva muitos anos lutando em primeira fila pelos direitos do povo cigano, que neste momento está um pouco farta de muitas coisas, mas que é quando tropeça com as maiores dificuldades que sabe que está a avançar, e que forças não lhe vão faltar. Só lhe sei dizer que a respeito e admiro, e agradecer-lhe que no meio de tanto esforço não se esqueça de mim.
ResponderExcluirMando-lhes a todas o meu apreço e carinho, um grande beijo, e ADIANTE!
P.S. Também roubei esta foto, sou uma ladrona...
Por aqui como já roubou nosso coração, pode levar tudo querida Maria,
ExcluirNão me esqueço porque quando me falta a respiração, me lembro de frases, olhos, rostos e carinhos ... vc está sempre lá.
Não é o tempo Maria, nem a quantidade de anos que se luta, é a ignorancia na sua mais pura ousadia. A ignorancia que gera violência.
bjs muitossssssssssssss
tem várias coisas na vida que a gente não controla. o que a gente pode controlar, é o nosso impulso de continuar lutando por aquilo que a gente acredita. essa parte você faz!
ResponderExcluir:)
beijos e boa semana!
beijooooooo grande, Daniel. Nais Tukê.
ExcluirQueridas amigas,
ResponderExcluirLi esta postagem com um sorriso porque a luta é o que ressalta das voltas todas que a vida dá. As frustrações, as pequenas vitórias, os retrocessos tristes de quem tem que caminhar, a espiral a que todos estamos habituados porque às vezes voltamos ao ponto de partida. Todavia, o ponto de partida já não é o resultado de tanto trabalho realizado, já vão a meio do caminho o que me satisfaz.
Beijinhos e a minha ausência deve-se ao muito trabalho.
Querida Ana, empatamos em relação as ausencias, suas e nossas.
ExcluirNais tukê por entrar dentro dos nossos corações e entender, estamos no meio mesmo. Torce aí, faz fita, reza, benze, toda ajuda ajuda.
bjs grandes amiga.
Sermos confrontados com a realidade normalmente não é fácil. E, mais difícil é quando esta realidade é feita de tanto sofrimento, tanta dor, tanta descriminação e humilhação.
ResponderExcluirAntes fossem um povo em vias de extinção. Passo a explicar: é que os seres em vias de extinção são protegidos, acarinhados... certo?
Vão-se mudando mentalidades e comportamentos. É um trabalho árduo, e os resultados não são a curto ou médio prazo. Bem pelo contrário...
Mas não se pode deixar de caminhar! Por nós, pelos outros, pelo mundo.
Coragem!
Beijinhos para todas.
Cláudia, talvez o povo rromani não esteja em extinção, mas seus costumes e sua cultura estão. É isso que mata um povo. Enfim, não se pode deixar de caminhar. Por todos. Por Sara. Bjs muitos de todas nós.
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