O BOLO DAS RAINHAS ... TODAS NÓS - RECIPÉ DAS KALDERAS
Aqui vai uma receita de muitas nacionalidades, já feito há muitos anos e cheia de modificações das quais não podemos mais averiguar sua precisa criação. Seu nome? Conhecemos como o Bolo da Rainha. Reconhecemos a origem e os porquês de todos os seus ingredientes, mais não sabemos como chegou ao certo a ser tão desconhecido em certos lugares e tão consumido em outros.
Essa é nossa maylê
Esse, portanto, é o Bolo das Descendentes, mulheres que descobriram suas raízes e que foram geradas e criadas longe dos Vurdóns. Mulheres que preencheram o vazio e entenderam certos significados de vida após descobrirem que muitos dos seus atos e ações estavam ligados a sobrevivência e a violência da 1ª e 2ª Grande Guerra. Hoje entendemos as palavras soltas e outras completas, das quais escutávamos quando criança, Maylê é uma delas.
BOLO DAS RAINHAS
Cinka Panka - a rainha da música
Separe 200 g de passas (claras e escuras), 100 g cerejas em calda picadas, 100 g cascas de laranja ou limão cristalizadas, 100 g de amêndoas sem pele, picadas grosseiramente, 50 g nozes picadas, 50 g de tâmaras picadas e 50 g de damascos picados. Os damascos, as passas e as tâmaras devem ser hidratadas em água quente (o suficiente para cobri-las) e 3 colheres (sopa) de conhaque, por aproximadamente 30’.
Escorra e reserve.
Enquanto isso, preaqueça o forno a 180° C e unte uma forma alta de 20 cm.
Numa tigela, bata a 200 grs de manteiga em temperatura ambiente e com sal, 225 grs de açúcar cristal, os 4 ovos, 225 grs de farinha de trigo, 1 colher (chá) de fermento em pó e 1 pitada de sal, até virar um creme uniforme.
Mulheres Kalderas - Rainhas
Numa panela aqueça o conhaque (3 colheres (sopa) de conhaque (ou brandy) e 7 bagas de cardamomo, mais não deixe ferver, desligue e misture ¼ de colher (chá) de açafrão. Deixe quieto enquanto junta as frutas que foram hidratadas a massa batida. Depois misture o mix de castanhas e por último o conhaque com o açafrão. Sem bater, misture bem.
Coloque para assar em forma alta e larga, com furo no meio. Demora cerca de 50’ a 1h, mais não deixe de fazer o teste do palito. Retire e cubra com papel alumínio, desligue o forno e volte o bolo para dentro do forno.
Papuzsa - A Rainha Poeta
Misture 2 colheres (sopa) de mel e 3 colheres de sopa de conhaque. Retire o bolo do forno, fure-o e coloque essa calda por cima. Enfeite com figos em calda e ameixas pretas. A idéia aqui é umedecer o bolo, mais cuidado, ele pode ficar enjoativo.
"MULHERES QUE DESCENDEM"
De acordo com os anos, descobrimos mais e mais coisas, histórias, receitas e objetivos. E principalmente descobrimos que não estamos sós e que existem muitas de nós.
Descobrimos que não temos raízes nos pés, porque não somos árvores,
Descobrimos que por mais que se esconda uma descendência, ela chega até você,
Descobrimos que o sangue é mais denso que a água, mais o espírito por sua vez é mais denso que o sangue.
Descobrimos que dividir por vitza é motivo de orgulho e muitas vezes de preocupação,
Descobrimos que ser pobre ou rica, não te faz mais ou menos gente, na realidade não faz nada, apenas facilita ou dificulta as coisas e assim mesmo independe de que lado você esteja,
Descobrimos que muitas se esquecem de que antes de tudo somos seres humanos e que só depois se seguem as outras classificações, gênero, raça e etnia,
Descobrimos que o pão é o alimento mais sagrado do mundo, mesmo que se chame manrô, kolaco, matzá, pane, das brot, Bread, pan, bröd, ekmek ou simplesmente pão,
Descobrimos que tanto mulheres de etnia romá quanto judia, foram mortas lado a lado e que é impossível se medir a dor e o sofrimento de cada uma, muito menos dizer qual das duas sofreu mais,
Descobrimos que nas guerras, as mulheres são as que mais sofrem com os crimes de abuso sexual e isso em qualquer parte do mundo, em todos os tempos,
Descobrimos que só nós podemos gerar a nova geração e que isso ainda é um presente, ainda é um mistério,
Descobrimos que é muito bom sermos diferentes, isso nos completa, e que podemos muito, muito mais do que nos disseram que podíamos.
Descobrimos que não importa aonde estejamos, existe apenas um céu para por teto, uma mãe por terra e a nossa liberdade por religião.
Porquê?
Porquê somos seres humanos, mulheres, oriundas de muitos países, de inúmeras etnias, de múltiplas cores e incontáveis destinos. Porquê ser mulher é ter dentro de si um pedaço do universo.
SAINTE SARA
A mulher que escolheu ao invés de ser escolhida,
a mulher descalça, culta, pobre, sábia, santa.
A todas as mulheres que resistem aos tiranos e as tiranias,
que suportam a fome e as queimaduras,
que morrem por seus direitos e dançam por suas conquistas.
As que conseguiram o seu espaço no mundo e as que ainda procuram um mundo para ser conquistado.
Que seja mais que um dia
que seja toda uma vida
que seja belo,
que seja livre.
A Cozinha dos Vurdóns agradece a todas as mulheres que resistem as querras e manifestações na Líbia, Egito, Haiti, Congo, Irã e demais paises.
Agradecemos ainda, as que com dignidade retiraram seus filhos com a cabeça erguida, quando expulsas da França em 2010.
Agradecemos as que testemunharam com coragem as agressões e abusos sofridos em Kosovo, o que relatou a condenação de seus violadores.
A todas as mulheres no mundo ... obrigada por existirem.
Cozinha dos Vurdóns
Muito bonito o que dizem e mostram!
ResponderExcluirlembro-me do filme "Latcho Drom" de que tanto gostei.
Ficam umas fotos para ver, do meu novo blog: acho que não me canso de "olhar"...
Beijos na vossa festa
http://olhardofalcao.blogspot.com/2011/03/passeando-pelas-ruas-do-porto.html
Já estamos passando por lá pra ver é claro.
ResponderExcluirbjs - das 5
Parabéns por esta receita universal, pela pesquisa histórica, pela união entre os povos e pelo céu que é o tecto da nossa Terra.
ResponderExcluirMil beijos x 5.
Felicidades para todas as mulheres e principalmente as que pensam nos outros.
Ana
É Ana, apesar de tudo parabéns, por tudo parabéns ... aqui entre nós: MERECEMOS.
ResponderExcluirbjs e obrigada pelo carinho.
O vosso texto comoveu-me até às lágrimas, remove a condiçâo mais sangrante de ser mulher em certas condiçôes...Há muito sofrimento mas também muita coragem na condiçâo femenina, sem nós a humanidade, além de impossível, seria árida e cinzenta. Nós sabemos amar melhor e plantar sempre uma flôr, ainda que seja no deserto.Beijinhos
ResponderExcluirMaria,
ResponderExcluirObrigada pelo carinho e pela atenção.Tens razão, somos, seremos e estaremos sempre dando um jeito de colorir o cinza.
Vamos combinar uma coisa, você planta de Espanha e plantamos do Brasil, acredito que algumas ajudaram em Portugal, em breve teremos um corredor de flores.
bjs - 5
O TEXTO DEU SENTIDO ÁS MINHAS PERCEPÇÕES, ÁS MINHAS BUSCAS DE ENTENDIMENTO DE UMA DESCENDÊNCIA QUE PULSA SEM SER NOMEADA PELA HISTÓRIA CONHECIDA POR MIM. VI NO RELATO E NAS FOTOS, IMAGENS DE UM TEMPO QUE SEMPRE INSISTIAM EM FAZER PARTE DE MINHA MENTE SEM QUE EU AS PUDESSE COMPREENDER. RECENTEMENTE, EXPERIMENTEI UM TRABALHO TERAPÊUTICO COM REGRESSÃO NÃO-HIPNÓTICA, ONDE O CAMINHO COMEÇOU A SER PERCORRIDO, UM CAMINHO DE UM POVO QUE NÃO CONHEÇO MUITO BEM, UMA CULTURA SOBRE A QUAL PRETENDO ME DEBRUÇAR: OS CIGANOS. ASSOCIATIVAMENTE, CHEGUEI Á ESSE SITE OU ELE VEIO ATÉ MIM. AGRADEÇO ESSE PRESENTE.
ResponderExcluirROSSANA
Seja bem vinda cara prima - Rossana,
ResponderExcluirPassam os anos e o tempo voa.
Tudo, praticamente nos pode ser tirado, menos a alma, os sonhos e a esperança.
Esteja em casa,
Cozinha dos Vurdóns
Sinto que este é o caminho de todas as mulheres, mulheres de todos os cantos do mundo, ciganas ou não. Nossa vida é sempre uma luta renhida pelo direito de viver em harmonia com nossos costumes, com nossa essência. E só com amor conseguiremos isso.
ResponderExcluirMaria do Carmo Nicoliello Pinho
Seja bem vinda, Maria do Carmo,
ResponderExcluirViver em harmonia com os nossos costumes ... é isso mesmo. Qualquer etnia, seja ela qual for, deve respeitar e ser respeitada sempre.
obrigada por participar,
Volte sempre e esteja em casa.
Com carinho, das mulheres da Cozinha dos Vurdós.